O ex-gerente de serviços da Petrobras, Pedro José Barusco Filho – delator da Operação Lava Jato – prestou depoimento nesta quinta-feira (19/11) à CPI dos Fundos de Pensão. Ele afirmou durante a oitiva que continuou gerenciando a conta bancária da Sete Brasil – que tinha dinheiro de propina – mesmo após o desligamento da empresa.
Ele foi convocado para prestar esclarecimentos sobre financiamento e aporte de recursos pelos fundos de pensão junto à empresa Sete Brasil. Barusco disse que foram pagos US$ 10 milhões de propina por todos os contatos de sondas: US$ 4,5 milhões dos quais pagos ao Partido dos Trabalhadores (PT), por meio do então tesoureiro, João Vaccari Neto. O restante teria sido repassado ao ex-gerente e demais diretores da Petrobras e da Sete Brasil pelos estaleiros contratados para construir os navios.
O relator da CPI, deputado federal Sérgio Souza (PMDB-PR) perguntou ao depoente se houve tráfico de influência na obtenção de recursos dos fundos de pensão, para criar a Sete Brasil. Barusco disse que não sabia, porque não era da área de atuação dele na época. O delator da Lava Jato citou o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff na criação da Sete Brasil, mas eles não teriam falado sobre propina.
A Sete Brasil é uma empresa privada criada para construir 28 navios plataforma para perfuração do petróleo da camada do pré-sal. Para isso, ela subcontratou estaleiros. A empresa tinha como principal fonte de recursos o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), porém também contou com recursos dos fundos de pensão Petros, Previ, Valia (da Vale do Rio Doce), Funcef e dos bancos BTG Pactual, Bradesco e Santander.
A CPI investiga indícios de aplicação incorreta e de manipulação na gestão de fundos de previdência complementar de servidores estatais e públicos ocorrido entre 2003 e 2015. O pedido de prorrogação dos trabalhos por mais 60 dias foi aprovado pelos deputados da CPI, mas falta a votação em plenário.