A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fundos de Pensão aprovou nesta quinta-feira (18/2) o pedido de sequestro judicial de um imóvel no bairro Morumbi, em São Paulo. O apartamento, localizado no Edifício Adolpho Carlos Lindenberg tem 1.223 metros quadrados e 25 cômodos, com piscina na varanda.
O dono está foragido. É o ex-presidente da gestora de fundos de investimento, Atlantica Asset Management, Fabrizio Dulcetti Neves. Ele tem um mandado de prisão expedido pela 2ª Vara Federal Criminal de São Paulo, desde o fim de 2015, pela troca de títulos da dívida pública brasileira pelos títulos da dívida da Argentina e Venezuela.
O bem foi adquirido por Fabrizio e a esposa Laura Celeste Serruya Monteiro Neves. Parte do apartamento está também no nome das filhas Zahia Monteiro Neves e Sabrina Monteiro Neves.
A Postalis deveria aplicar 80% dos recursos em títulos da dívida externa brasileira. Em 2011, entretanto, esses papéis foram trocados por títulos argentinos e venezuelanos. A fraude gerou prejuízo de aproximadamente R$ 400 milhões ao Instituto de Seguridade Social dos Correios e Telégrafos (Postalis).
Segundo informações da CPI, o apartamento da Fabrizio vale atualmente R$ 16 milhões, mas ele teria pago R$ 4 milhões. Para o relator da comissão, deputado federal Sérgio Souza (PMDB-PR) essa inconsistência entre o valor real e o pelo qual o bem foi adquirido é um forte indício de desvio e ocultação de prática de crime. Souza é autor do requerimento.
Uma curiosidade: Fabrizio nunca morou no apartamento. Ele residia no Rio de Janeiro depois mudou-se para Miami. O ex-presidente da Atlantica requereu passaporte italiano na Flórida e em seguida viajou para a Espanha. Como não foi localizado, seu nome está na lista de procurados da Interpol.
Corretores de imóveis apelidaram o edifício Adolpho Carlos Lindenberg, de “elefante branco”. Os 12 apartamentos do prédio têm a maior metragem do Brasil, sem considerar os dúplex, tríplex e coberturas. O pedido de sequestro será encaminhado a 2ª Vara Federal Criminal de São Paulo.
Prorrogação da CPI
O requerimento de prorrogação do prazo de funcionamento da CPI por 60 dias ganhou aprovação da comissão. Se aprovado no plenário da Câmara dos Deputados (assim que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, o colocar em pauta), o prazo começa a contar a partir de 20 de março.
BNY Mellon
Além das votações de requerimentos, prestou depoimento o presidente para América Latina e CEO no Brasil do Banco BNY Mellon, Eduardo Adriano Koelle. Ele afirmou que foi feito um pagamento, em 2010, de títulos não autorizados a um ex-funcionário.
Koelle disse que a avaliação de risco não era responsabilidade do BNY, e sim dos gestores do fundo de pensão e de consultorias especializadas. “O BNY era apenas o fiduciário desses investimentos. Não posso fazer julgamento da estratégia de investimentos”, explicou.