A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fundos de Pensão pediu nesta quinta-feira (10/9) a quebra de sigilo bancário e fiscal do ex-presidente do Instituto de Seguridade Social dos Correios e Telégrafos (Postalis), Alexej Predtechensky.

O pedido foi feito após o depoente afirmar que não possui conta no exterior e que a conta que se apresenta em seu nome, foi falsificada. “Fabrizio Neves é estelionatário. Já o denunciei durante meu depoimento a Policia Federal e, agora, o faço aqui”, revelou.

Fabrizio Neves é um dos ex-sócios da empresa Atlântica Asset Managment, contratada pelo Postalis para realizar investimentos no exterior e que é investigada por fraudar notas e desviar recursos do Fundo.

Segundo Predtechensky foram encaminhados papéis para a offshore Spectra, sem a assinatura das testemunhas: “Julgo que Fabrizio tinha contato com alguém da empresa Amicorp, que me enviou os documentos, ele assinou neste local e, assim, conseguiu abrir uma conta em meu nome e a movimentou por um tempo” enfatizou o ex-presidente.

Infrações

O relator, deputado Sérgio Souza (PMDB-PR), pediu esclarecimentos sobre os números de autos de infração sofridos pelo Postalis. Alexej disse que não eram verdadeiros. “Esclareço que na minha gestão, a Postalis recebeu 27 autos de infração e não 50 como disse o depoente da sessão anterior (Carlos Alberto de Paula, presidente da Previc). Acho interessante a entidade apenas apresentar estatísticas de 2003 em diante e notificarem apenas o Postalis e não outros fundos, que também apresentam déficit”, falou Predtechensky.

A gestão do ex-diretor e alguns investimentos estão sendo investigados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pela Securities and Exchange Comission (SEC). A estimativa é que entre 2006 e 2009 algumas negociações tenham sido realizadas de forma irregular e com documentos falsos, gerando déficit.

BNY Melon

Perguntado sobre a atuação e contratação do Bank of New York (BNY) Mellon, o depoente afirmou não recordar como foi feita a escolha da instituição.  O banco havia sido contratado para fiscalizar as atividades financeiras do Fundo, que mesmo assim, arriscou movimentações de risco. Existe um processo judicial movido pelo Postalis, para que haja ressarcimento pela instituição, devido às perdas.

Mesmo assim, o banco ainda detém o poder de avaliação sobre os investimentos do Postalis, que é o maior Fundo de Pensão, em número de participantes, com 196 mil contribuintes.