O estímulo à organização das mulheres no campo foi uma das demandas que a ministra Tereza Cristina fez questão de destacar durante sua participação no 5º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio. O evento foi nesta segunda-feira, 26. A chefe do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento disse que o cooperativismo é um dos meios de organização das produtoras para o acesso à tecnologia, mais crédito e recursos produtivos. Neste período de pandemia do Coronavírus, as cooperativas receberam R$ 60 milhões como crédito extra para capital de giro.
Durante sua participação remota no congresso, Tereza Cristina explicou que o setor de hortifrútis enfrentou dificuldades no início da pandemia por causa dos decretos de isolamento social que obrigaram, por exemplo, o fechamento das feiras livres. Segundo a ministra, o segmento vem conseguindo se recuperar graças à adoção de medidas de organização.
“Onde nós temos a organização, uma cooperativa com mais experiência, fica mais fácil ainda [a recuperação]. Qualquer tipo de organização é mais benéfico, e as coisas acontecem mais rapidamente e os prejuízos são menores”, declarou a ministra.
*Dados do IBGE apontam que, no Brasil, 19% dos estabelecimentos rurais são dirigidos por mulheres, totalizando quase 1 milhão que trabalham como produtoras. O levantamento mostrou que a maioria está na Região Nordeste (57%), depois no Sudeste (14%), Norte (12%), Sul (11%) e Centro-Oeste (6%). O cooperativismo faz parte das linhas de ação do programa AgroNordeste, voltado para pequenos e médios produtores que já comercializam parte da produção, mas encontram dificuldades para expandir o negócio. Tereza Cristina acrescentou que o Mapa vem estimulando grandes cooperativas do Sul, Sudeste e Centro-Oeste a fazerem parcerias com entidades do Nordeste para a troca de experiências.
A ministra adiantou que o Brasil vai organizar a ida de produtores de queijos a Portugal para aprender técnicas de produção no país, que detém cases de sucesso com organizações lideradas por mulheres que atuam em demandas de vinho e de pera.
Para o deputado federal paranaense Sergio Souza (MDB), a troca de experiências e compartilhamento de bons exemplos e iniciativas são formas de enfrentamento de questões de gênero no campo. O parlamentar ressaltou o apoio ao respeito, à igualdade e ao estímulo do trabalho feminino no ambiente rural.
“O crescimento do Agronegócio trouxe nova roupagem ao campo. Um lugar que antes era estritamente masculino abriu espaço para as mulheres, fazendo com que as políticas no âmbito rural seguissem novo caminho”, declarou o deputado, que é vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária e secretário-geral da Frente Parlamentar do Cooperativismo.
O presidente do Sistema Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná), José Roberto Ricken, citou números que comprovam o protagonismo delas no setor: dos 2,5 milhões de cooperados no estado, 53% são mulheres.
“A participação da mulher no cooperativismo do Paraná é cada vez maior, e nós queremos mais! Vamos incentivar a participação das mulheres, vamos prepará-las para que possam dar uma contribuição mais efetiva ainda para o cooperativismo”, declarou o presidente do Sistema Ocepar, que realizou, no mês passado, o Encontro Virtual das Lideranças Femininas Cooperativistas, o Cooperlíder Feminino.
*Censo Agropecuário 2017