A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fundos de Pensão ouviu nesta terça-feira (29/9), o presidente para América Latina e CEO no Brasil do Banco BNY Mellon, Eduardo Adriano Koelle. O relator, deputado federal Sérgio Souza (PMDB-PR) questionou sobre como o banco, responsável desde 2005 pelo Fundo dos Correios (Postalis), não percebeu que os investimentos estavam gerando déficit desde 2008.
“Como o banco não viu que os investimentos estavam com altos níveis de risco? Me parece que estamos vivendo um mundo de fantasia, nos parece que há sim irresponsabilidade e indícios de má gestão pelo BNY Mellon e isso ainda é negado? Como o senhor explica a continuidade de tantos investimentos de risco?” questionou Souza.
Koelle justificou: “se houver indícios de má gestão ou fraudulenta, serão tomados os devidos encaminhamentos. Queremos contribuir com essa CPI, e não fugiremos à Justiça”. De acordo com o presidente da CPI, existe uma medida cautelar julgada em primeira e segunda instância que penhora R$ 280 milhões de reais do banco BNY Mellon, devido aos altos índices de perdas que o Postalis teve durante a administração.
Sem conhecimento
Durante todo o período do depoimento, Koelle alegou não possuir conhecimento dos investimentos que o banco avaliou ou que fez gestão. “Todas as decisões de investimento foram tomadas pelo administrador, a Postalis possuía acesso aos investimentos todos os dias”, afirmou o depoente.
Segundo o relator, existia uma grande expectativa para o depoimento de Koelle, mas que ela não foi atendida. “O depoente mostrou-se muito esguio, não esclareceu muito pontos que seriam essenciais a esta CPI. Mas vamos continuar a proteger o patrimônio destes servidores que contribuíram para terem uma aposentadoria tranquila e foram lesados”.
A Comissão Parlamentar pediu ainda para que o Banco Central manifeste-se em relação ao risco sistêmico dos investimentos nos quais posturas como as tomadas pelo BNY podem gerar insegurança a outros fundos privados e ao sistema bancário.
Além disso, foi pedido também para que o ministério de Relações Exteriores intermedeie conversas com as autoridades de Nova York (EUA), para que o BNY seja investigado ou punido nas ações que causaram prejuízos aos carteiros do Brasil.