Estudo feito pelo Sistema da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) aponta que os valores praticados no Paraná pelas concessionárias do Anel de Integração pesam no bolso do usuário e impactam diretamente no custo de produção, diminuindo a rentabilidade dos negócios. O levantamento foi feito sob a ótica de um caminhão com cinco eixos, transportando 27 toneladas de produtos, envolvendo 27 praças de pedágio no Estado.
Os cálculos basearam-se em valores dos fretes e preços recebidos pelos produtores de milho e soja em junho de 2017. Em algumas situações, o pedágio representa mais de 30% do custo do transporte, como é o caso de cargas vindas de Foz do Iguaçu, em que é pago R$ 876,80 em tarifas até o Porto de Paranaguá. “Mesmo em trechos mais curtos, como é o caso do trajeto Ponta Grossa-Porto de Paranaguá, o impacto do pedágio é significativo, pois chega a representar 20,5% do preço do frete”, explica o analista técnico e econômico da Ocepar, Gilson Martins.
O estudo da Ocepar mostrou ainda que o pedágio de Maringá a Paranaguá equivale a 3,2% do preço recebido pelo produtor de soja e 7,7% para o milho. No trecho Maringá-Paranaguá, esse índice é de 1,9% para a soja e de 4,6% para o milho. Também nas praças mais próximas do porto, como Ponta Grossa, o impacto da tarifa é alto, respondendo por 0,9% para a soja e 2,3% para o milho.
O pedágio tem também impacto significativo no transporte de produtos utilizados na atividade agrícola, encarecendo o custo, principalmente, dos fertilizantes e do calcário. No caso deste último, para transportar uma carga de Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba, para Cascavel ou Maringá, o agricultor paga, em média, R$ 98,09 por tonelada do insumo posto na propriedade, sendo que 37% desse valor corresponde ao custo efetivo do insumo, o restante é frete e pedágio. Já nos fertilizantes, o pedágio representa 32% de uma carga transportada de Paranaguá para Cascavel, e 23% de Paranaguá para Maringá.
Fuga de Paranaguá
“Os altos valores do pedágio no Estado reduzem a competitividade da produção de grãos não somente do Paraná, mas de outros estados que usam o Porto de Paranaguá como canal de exportação. Nesse ponto, é importante destacar que os custos elevados de logística paranaense, incluindo o pedágio, já provocaram a fuga do Paraguai do terminal de Paranaguá, bem como de boa parte da exportação de soja e milho que vinha do Centro-Oeste brasileiro e que passou a usar o Porto de Santos”, alertou o estudo da Ocepar.