O verão só chega ao Brasil em dezembro, mas no Paraná os envolvidos na cadeia produtiva do Agro já podem se planejar melhor e arregaçar as mangas: levantamentos do Departamento de Economia Rural do estado apontam que a safra de verão 20/21 tem previsão de ultrapassar 24 milhões de toneladas de grãos, com a área plantada de 6,09 milhões de hectares.
Estudos do órgão mostraram, por exemplo, que a produção de trigo será a maior do Paraná dos últimos três anos, e a previsão é de 3,1 milhões de toneladas. A qualidade da safra está boa, e a seca reforçou o glúten do grão, característica importante para a panificação, garantiu o Deral. Na mesma linha de outros grãos, o dólar elevado está puxando as cotações do trigo para cima: o produtor está recebendo quase R$ 70, a saca, 50% acima dos valores pagos em outubro do ano passado, e maior patamar dos últimos cinco anos. Cerca de 47% do trigo paranaense já foi vendido; o estado é o maior produtor do país e possui o maior parque moageiro, com capacidade de 3,5 milhões de toneladas.
Em relação à soja, o plantio avançou para 61% da área prevista, levando a um total de 3,4 milhões de hectares. O Deral informou que o clima de 2020 está bem semelhante ao do ano passado, quando houve uma estiagem no início do plantio e depois o volume de chuvas colaborou para a recuperação, garantindo um bom desenvolvimento das lavouras e o resultado foi o maior nível de produtividade da soja em relação a anos anteriores.
Com uma área de 5,55 milhões de hectares previstas para a soja em todo o Paraná, a estimativa de produção aponta para um volume de 20,5 milhões de toneladas. Ourtra boa notícia é que cerca de 40% da produção estimada para a safra 20/21, ou 8 milhões de toneladas do grão, já foi vendido, representando o dobro do ano passado. A pré-venda acelerada se deve à elevação da demanda no mercado mundial, capitaneado pela China, e da cotação do dólar alto.
O plantio de milho de verão deve ocupar a área de 360 mil hectares, e o processo de conclusão da ocupação passou dos 90%. A estimativa é para uma produção de 3,45 milhões de toneladas para a primeira safra. A segunda safra do alimento – temporada 2019/20 – deve atingir 11,7 milhões de toneladas. O total deve ficar abaixo da média de 17 milhões de toneladas, mas o Deral garantiu que não é um resultado na casa de 15 milhões de toneladas não é negativo. Os preços do milho estão valorizados pelos mesmos motivos da soja: elevação da demanda no mercado mundial e valorização do câmbio. O preço da saca, de R$ 31,41, em outubro de 2019, saltou para R$ 60,55 em 2020, alta de 92,7%, quase atingindo a paridade com o mercado internacional que tem cotação em torno de R$ 75, a saca.
O feijão ultrapassou os 90% de área semeada, com cerca de 80% das lavouras em boas condições, sendo as melhores dos últimos cinco anos, informou o Deral. A colheita está prevista para a segunda quinzena de dezembro, com mais intensidade entre janeiro e fevereiro. O preço do ‘feijão de cor’ está cotado em torno de R$ 254,97, uma valorização de 72% em relação a outubro do ano passado, quando o produto era vendido por R$ 148, a saca. O aumento foi provocado pelo consumo maior, em função da pandemia do Coronavírus.
As primeiras previsões da safra de café de 2021 serão feitas em dezembro. A safra de 2020 foi concluída com um volume de 943 mil sacas de 60 quilos, cerca de 1% maior que o ano passado. Cerca de 55% da safra de café 2020 já foi vendida com um preço médio de R$ 466, a saca. Um aumento de 20% em relação ao ano passado, quando foi registrado o preço médio de R$ 387, a saca. No Paraná, colheita manual representa 70% do café plantado. A área ocupada deverá sofrer redução, perdendo espaço para a soja, que está mais valorizada no mercado.
*Por Patrícia Fahlbusch, com informações complementares do Portal do Agronegócio