Estudo, feito pela Transparência Internacional, analisa percepção da população dos países sobre a corrupção; Dinamarca e Nova Zelândia lideram ranking como menos corruptos.
Estudo divulgado nesta quarta-feira (25) pela entidade Transparência Internacional aponta que o Brasil fechou o ano de 2016 em 79º lugar entre 176 países em ranking sobre a percepção de corrupção no mundo. Além do Brasil, estão empatados em 79º lugar Bielorrússia, China e Índia.
O ranking leva em consideração a percepção que a população tem sobre a corrupção entre servidores públicos e políticos. Quanto melhor um país está situado no ranking, menor é a percepção da corrupção por seus cidadãos.
A pontuação do ranking vai de 0 (extremamente corrupto) a 100 (muito transparente). Segundo o estudo da Transparência Internacional, o índice brasileiro em 2016 é 40 – dois pontos a mais do que em 2015, quando foi 38. Apesar da melhora na pontuação, em 2016, o Brasil caiu três posições em comparação com 2015.
“O país [Brasil] mostrou que, através do trabalho independente de organismos responsáveis pela aplicação da lei, é possível responsabilizar publicamente aqueles antes considerados intocáveis.”
Para a entidade, a posição do Brasil no ranking caiu “significativamente” nos últimos anos devido aos escândalos de corrupção que envolvem políticos e empresários, como os revelados pelas investigações da Operação Lava Jato.
“Apesar disso, o país mostrou neste ano (2016) que, através do trabalho independente de organismos responsáveis pela aplicação da lei, é possível responsabilizar publicamente aqueles antes considerados intocáveis”, diz a entidade.
Ranking
Os países que lideram o ranking da corrupção são Dinamarca e Nova Zelândia, com índice de transparência de 90. Entre os cinco países mais bem avaliados também estão Finlândia (com 89 pontos), Suécia (com 88) e Suíça (com 86 pontos).
A entidade destaca que, embora nenhum país esteja livre de corrupção, os países mais bem avaliados no ranking “compartilham características de governo aberto, liberdade de imprensa, liberdades civis e sistemas judiciais independentes”.
De acordo com o ranking da Transparência Internacional, a Somália, com 10 pontos no ranking, é o país com maior percepção de corrupção dentre as nações analisadas. O país africano ocupa a última posição no ranking pelo décimo ano consecutivo.
Em um comunicado, a Transparência Internacional cita que 69% dos 176 países analisados no estudo tiveram pontuação menor que 50. Isso, segundo a entidade, expõe “quão universal e sólida é a corrupção do setor público em todo mundo”.
“Neste ano mais países caíram no índice do que melhoraram, mostrando a necessidade de ação urgente”, afirma o relatório.
Ao citar exemplos de casos de corrupção nos últimos anos, a Transparência Internacional cita o escândalo da Petrobras, investigado pela Operação Lava Jato; os escândalos que levaram à queda e à fuga do ex-presidente da Ucrânia Viktor Yanukovych em 2014; e escândalos de corrupção na FIFA, que investigam, entre outros pontos, a compra de votos na escolha de sedes da Copa do Mundo.
Metodologia
Para estabalecer o Índice de Percepção de Corrupção, a Transparência Internacional reúne dados de várias fontes diferentes que fornecem percepções de empresários e peritos de países do nível de corrupção no setor público.
Cada fonte de dados que é usada para construir o Índice de Percepção de Corrupção deve preencher os seguintes critérios para se qualificar como uma fonte válida:
- Deve ter uma pesquisa que quantifica percepções de corrupção no setor público
- Deve basear-se numa metodologia confiável e válida, que pontue e classifique vários países na mesma escala
- Deve ter sido realizada por uma instituição confiável e que tenha repetido ou venha a repetir a pesqusa regularmente
O ranking de 2016 levou em conta 13 pesquisas diferentes de 12 instituições que tenham analisado a percepção da corrupção nos últimos dois anos (leia ao final desta reportagem quais foram as instituições utilizadas na pesquisa).
Para que um país seja classificado no ranking, ao menos três diferentes fontes devem ter analisado a percepção de corrupção daquele país. A pontuação de determinado país é feita pela média de todas as fontes que o analisaram.
Veja as pesquisas utilizadas pela Transparência Internacional para elaborar o ranking de corrupção:
- African Development Bank Governance Ratings 2015
- Bertelsmann Foundation Sustainable Governance Indicators 2016
- Bertelsmann Foundation Transformation Index 2016
- Economist Intelligence Unit Country Risk Ratings 2016
- Freedom House Nations in Transit 2016
- Global Insight Country Risk Ratings 2015
- IMD World Competitiveness Yearbook 2016
- Political and Economic Risk Consultancy Asian Intelligence 2016
- Political Risk Services International Country Risk Guide 2016
- World Bank – Country Policy and Institutional Assessment 2015
- World Economic Forum Executive Opinion Survey (EOS) 2016
- World Justice Project Rule of Law Index 2016
- Varieties of Democracy (VDEM) Project 2016
Fonte: G1