Após o presidente Jair Bolsonaro defender a venda direta de combustível pelos produtores aos postos de combustíveis, a Comissão de Minas e Energia (CME) da Câmara dos Deputados discutiu, nesta terça-feira (11), os efeitos que esta medida poderia acarretar.
Para o deputado Sérgio Souza (MDB-PR), membro da comissão, a venda direta do etanol traz uma certa preocupação, pois nem todos os Estados são produtores. “A distância da produção para as cidades é uma coisa que me preocupa. Pode ser que chegue a mais de 2 mil quilômetros. E como vai ser sem a distribuidora?”, questionou.
Segundo Sérgio Souza, é necessário se aprofundar no assunto e tratar o etanol como matriz energética do ponto de vista renovável e sustentável, mas também econômico. “Nós sabemos que a produção do etanol já passou por muitas dificuldades. Se não fosse o aumento de mistura na gasolina e um programa como o RenovaBio, talvez nós teríamos muito mais usinas fechadas nos últimos anos”, advertiu.
O parlamentar lembrou que o etanol, por ser um combustível renovável, conta com apelo mundial e o Congresso Nacional vem trabalhando para que ele resista e tenha o incentivo necessário para sua sobrevivência. “O RenovaBio é o programa que dá o incentivo necessário para a continuidade dessa matriz energética. Se nós não tivermos essa política, pode ser que no futuro tenhamos problemas graves”, desabafou Souza.
Etanol de milho
O 1º Levantamento da Safra 2019/2020 realizado pela Conab, que traz dados sobre o etanol produzido a partir da cana e do milho, mostra que dos 30,3 bilhões de litros de etanol que serão produzidos nesta safra, 1,4 bilhão será a partir do milho.
Sérgio Souza falou sobre o crescimento do etanol feito a partir do milho. “O Brasil está se tornando um gingante produtor de milho e em alguns momentos, mesmo sendo commodity, você não consegue escoar tudo que o país produz. Transformar em etanol essa sobra é uma excelente oportunidade”, disse o parlamentar na CME.
RenovaBio
O RenovaBio estipulou metas federais para níveis mais altos de uso de biocombustíveis. Isso deve dar um impulso de 20 bilhões de litros à demanda nacional até o final da próxima década, de acordo com projeções do governo. A ferramenta é uma aliada no combate à emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa no planeta.
Sancionada como Lei Federal 13.576/2017, o RenovaBio incentiva metas de redução desses gases e prevê a substituição gradativa de combustíveis fósseis por biocombustíveis. A aprovação da medida ocorreu durante a presidência de Sérgio Souza na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR), em 2017.