dinossauros 300x169 - Cruzeiro do Oeste, o lar dos dinossauros no Paraná

Em 1971, o agricultor Alexandre Dobruski e seu filho João Gustavo cavavam valas para drenar água da chuva em rochas expostas no noroeste do Paraná quando encontraram fósseis que mudariam a paleontologia brasileira. Os Dobruskis enviaram os materiais para análise, mas os cientistas só os estudaram décadas depois. Descobriram, assim, o pterossauro (réptil voador) Caiuajara dobruskii, que viveu no período Cretáceo Superior entre 90 e 70 milhões de anos atrás.

Essas descobertas se tornaram oficialmente reconhecidas quando o deputado Sérgio Souza propôs o Projeto de Lei 4240/2021, que se tornou a Lei 14.985, de 25 de Setembro de 2024, conferindo a Cruzeiro do Oeste o título de “Vale Nacional dos Dinossauros”.

O estudo sistemático do local começou em 2011. Os cientistas identificaram uma concentração excepcional de ossos fossilizados de pterossauros com indivíduos de diferentes idades, desde filhotes até adultos. Quando paleontólogos encontram fósseis de diferentes idades no mesmo local, isso indica que esses animais viviam em grupos familiares, comprovando vida em comunidade.

As escavações revelaram fósseis que mostram um ambiente árido com lagoas entre dunas. Surgiram importantes achados: a Gueragama sulamericana (2015), um lagarto cujos dentes se fundem permanentemente ao osso da mandíbula, diferentemente dos lagartos atuais; o Vespersaurus paranaensis (2019), o primeiro dinossauro identificado no Paraná, que caminhava apoiado principalmente em um único dedo central; e a Berthasaura leopoldinae (2021), o primeiro dinossauro terópode sem dentes do Brasil.

A Berthasaura mostra por que Cruzeiro do Oeste se tornou referência científica mundial. A ausência de dentes e presença de bico córneo sugerem que comia plantas ou insetos, adaptação para sobreviver no ambiente seco. Essa descoberta amplia o conhecimento sobre ecossistemas antigos.

O potencial de novas descobertas permanece alto, pois apenas 5% de uma área de 400 metros quadrados foi escavada. Isso permite coletar mais fósseis e refinar teorias sobre comportamento e relações ambientais desses animais.

O achado de 1971, investigado sistematicamente desde 2011, resultou na classificação de novas espécies, infraestrutura museológica, programas educacionais e reconhecimento legal articulado pelo deputado Sérgio Souza.

O exemplo de Cruzeiro do Oeste demonstra como ciência e políticas públicas trabalham eficientemente juntas.

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