A Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados debateu, nesta terça-feira (14), as razões de o Brasil ter taxas tão elevadas de juros e tarifas praticadas pelos bancos. O presidente do colegiado, deputado federal Sérgio Souza (MDB-PR), pediu esclarecimentos sobre as razões dos juros no país serem tão altos.
“Queria entender porque os juros no Brasil são tão caros? É muito claro para mim e a sociedade brasileira que quando adquirimos um bem financiado pagamos duas vezes o valor dele no final. E está muito claro para mim também, que isso está nas margens de lucros das instituições financeiras imbuído dentro dos seus spreads bancários, que chegam a um valor médio de 30% ao ano, além do custo da capacitação do recurso”, esclareceu o parlamentar.
Sergio Souza complementou afirmando que as instituições bancárias são os empreendimentos mais rentáveis do Brasil. “Eu não conheço um investimento nesse país que dobre o seu capital em cinco anos. No mercado imobiliário o capital é duplicado em torno de 25, 30 anos. No mercado agrícola leva 35 a 40 anos para tirar o retorno. Imagina você trabalhar 35, 40 anos para tirar o retorno e o banco com essa margem de cinco anos”, comentou.
De acordo com o diretor de Políticas de Regulação Prudencial, Riscos e Economia da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Rubens Sardenberg, o Brasil tem uma dispersão muito grande das taxas de juros. “A gente tem mercado livre, mercado direcionado, crédito controlado. Então, na verdade quando a gente está falando desse universo, os números às vezes aparecem diferentes do que na prática são. Os juros são altos no Brasil, é verdade. Mas não são tão altos como as pessoas imaginam se a gente pensar na média das operações”, explicou o especialista.
Sardenberg acredita que o brasileiro precisa diminuir o uso do cheque especial, mas que ele não é o vilão dos juros altos. “As pessoas falam muito do cheque especial, mas ele tem um saldo de R$ 24 milhões para um total de R$ 3,2 trilhões em operações. Então, ele é uma quantidade irrisória, do ponto de vista do total de crédito realizado. Ele é um problema, mas muito pequeno em relação ao universo total”, explicou o diretor da Febraban.
Participaram, ainda, da reunião a chefe-adjunta do Departamento de Regulação do Mercado Financeiro do Banco Central do Brasil, Paula Ester Farias de Leitão; o gerente divisional de Economia, Estatística e Competitividade da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Maria Cristina Zanella; e o diretor executivo da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), Ricardo de Barros Vieira.