O Plenário da Câmara dos Deputados foi transformado, nesta segunda-feira (16), em comissão geral para debater todas as questões que envolvem os pesticidas. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), sem a utilização dessas moléculas a perda da produção nacional pode ser de 20% a 40%.
O vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado federal Sérgio Souza (MDB-PR), informou que a Organização das Nações Unidas (ONU) revelou que o Brasil será fundamental para alimentar o planeta. “Nós teremos a responsabilidade de, até 2050, dobrar a nossa produção de alimentos para alimentar mais de 1 bilhão de seres humanos devido ao crescimento demográfico em que vamos chegar”, comentou.
Sérgio Souza lembrou que existem vários estudos que demonstram que não restam, nos alimentos, resíduos que causem problemas à saúde. “Nós temos protocolos e nós precisamos acreditar neles. Pode haver contaminação sim, principalmente com a má utilização dos produtos, como já aconteceu comigo”, explicou.
O emedebista levou alguns dados de intoxicação apurados pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). De acordo com o órgão, de 2013 a 2015, 134 alimentos frescos demostraram resíduos de pesticidas, de um total de 12.051 amostras. “Isso é apenas 1,1% do universo pesquisado. E se nós buscarmos mais a fundo, nós vamos ver que a maior parte da intoxicação que há neste País se dá por remédios”, concluiu.
O que dizem os especialistas
Para o professor e pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (USP), Mauro Osaki, a não utilização dos pesticidas nas lavouras traria grandes impactos. “Um deles é que nós precisaríamos aumentar 30% da área agrícola para compensar o mesmo nível de produção e manter o preço constante”, afirmou.
Segundo Lucílio Alves, também professor da USP, o prejuízo não seria apenas ambiental, mas econômico. “Isso traria um impacto em preços na casa de 23% em termos de aumento. Se não quisermos que o produtor controle as pragas e doenças como no caso da ferrugem, mantendo a oferta no mesmo nível atual para não mexer em termos de preços que vai impactar a sociedade como um todo, teríamos que aumentar a área em 30%. Esse aumento de área em 30%, como o Mauro citou, necessitaria de investimento na ordem de 40 bilhões a 45 bilhões de reais. Então essa é a conta”, revelou.
Reginaldo Minaré, coordenador de Tecnologia da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), defendeu a necessidade de mudança na atual lei dos agrotóxicos. “Não existe país que tenha uma agricultura minimamente razoável que não faça uso dos agrotóxicos. A mudança é fundamental. O texto que está em discussão nesta Casa é absolutamente razoável e já deveria estar em vigência desde 2005. É um texto contido. É um texto absolutamente responsável e que certamente vai melhorar o funcionamento desse setor”, disse.