O projeto foi apresentado como a redenção de Pontal do Paraná – município do litoral que, entre outros atrativos turísticos, abriga o balneário de Pontal do Sul, com vista para a paradisíaca Ilha do Mel. Rodovias duplicadas onde paralelamente correriam trilhas de estrada de ferro e linhas de alta tensão estão previstos dentro do plano de investimentos que o governo Beto Richa promete iniciar nesta reta final do mandato.
Quem ri à toa é o empresário João Carlos Ribeiro, que há mais de uma década tenta viabilizar o superporto da Ponta do Poço. Afora importantes licenças ambientais, Ribeiro conseguiu pouco. De nada adianta um porto moderno, de alta capacidade, se não estiver ligado à terra firme. Evidentemente que nenhuma carga chegará a ele ou dele sairá se não existirem conexões com a retaguarda. A inexistência deste aparato logístico sempre foi o principal empecilho para Ribeiro atrair sócios investidores.
Veio daí, então, a proposta de fazer a Faixa de Infraestrutura de Pontal gestada na Secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística. Seriam 19 quilômetros de extensão e 175 metros de largura que abrigariam uma rodovia de pista dupla, um canal de dragagem, área reservada para futura ferrovia e linhas de alta tensão. O investimento inicial previsto é da ordem de R$ 370 milhões – “fichinha” perto da valorização que, antes mesmo de saírem do papel, ganham o porto da Ponta do Poço e os demais potenciais empreendimentos privados que se localizarem lá.
A janela de oportunidades que se abre para Pontal é reforçada pela presença, como diretor de Outorgas da Secretaria dos Portos da Presidência da República, do engenheiro Ogarito Linhares, ex-diretor do Porto de Paranaguá. Influência poderá exercer também o ministro da Saúde, Ricardo Barros, principalmente quanto à liberação de financiamentos junto ao BNDES.
A Faixa de Infraestrutura de Pontal não chega a ser uma novidade completa. Com o nome de Translitorânea, o curto governo de Orlando Pessuti (que substituiu Requião entre abril e dezembro de 2010) pretendeu colocar em pé um projeto ainda mais ambicioso, já que, entre outros itens, previa até a construção de ponte sobre a Baía de Guaratuba, obra prevista na Constituição Estadual.
Fonte: Gazeta do Povo