O presidente da França, Emmanuel Macron, relacionou a produção de soja brasileira ao desmatamento da Amazônia. Em publicação no microblog Twitter, ele escreveu: “continuar a depender da soja brasileira seria apoiar o desmatamento da Amazônia”. A declaração causou o repúdio de representantes do Agronegócio no Brasil. Presidente eleito da Frente Parlamentar da Agropecuária, o deputado federal Sergio Souza (MDB-PR) afirmou que Macron tem extrapolado nas colocações sobre o Brasil, e que o país conserva mais do que a França, fazendo a agricultura sustentável e a produtividade chegarem a patamares recordes globais.
“A gente tem sempre que respeitar a posição de um estadista, de um presidente, mas cabe esclarecer que ninguém produz sustentavelmente e em produtividade como o nosso país, e a posição do presidente francês não afeta o Brasil porque é muito pequena a venda de soja para a França. O nosso mercado está focado em outras regiões, principalmente na Ásia, e o mundo precisa do alimento produzido pelo Brasil. Continuaremos produzindo em condições sustentáveis e cada vez mais porque o mundo demandará pelo menos 30% a mais de alimentos nos próximos 30 anos, e o Brasil será o grande responsável para suprir esse déficit que haverá no planeta”, declarou Sergio Souza, que toma posse como presidente da FPA em 23 de fevereiro.
Ouça aqui o complemento do deputado federal Sergio Souza sobre a declaração do presidente francês Emmanuel Macron:
O pesquisador Evaristo de Miranda, da Embrapa Territorial, informou que, atualmente, cerca de 10% da soja brasileira é produzida nas lindes do bioma Amazônia, e a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) está totalmente desvinculada do processo de desmatamento desde o ano de 2008. O especialista, que fez estudos de Agronomia na França, mestrado e doutorado, disse que visitou plantios de soja no país e em localidades na Europa. Segundo ele, a União Europeia importa cerca de 13 milhões de toneladas de soja por ano, e aproximadamente 5 milhões são destinados à França. Desse total do grão, cerca de 87% vão para a alimentação de animais [Aves (50%), suínos (24%), vacas leiteiras (16%), bezerros (6%), e peixes, sobretudo salmão (4%)]. A França consome, de acordo com o agrônomo, cerca de 160 kg de soja por segundo, e sua produção é de 200 mil toneladas por ano, o que representa 5% de sua demanda.
A área plantada de soja no país europeu, principalmente na sua região Sudoeste, necessita de irrigação, técnica que custa caro, apontou Evaristo de Miranda. O pesquisador acrescentou que seria necessário plantar, pelo menos, mais 2 milhões de hectares de soja na França para a autossuficiência.
Soja no Paraná e no Brasil
O Paraná já deu início à colheita de soja, e segundo o Departamento de Economia Rural do estado, as lavouras seguem melhorando. Os primeiros 192 hectares recolhidos estão localizados no núcleo regional de Pato Branco, região onde se deu início ao plantio em 2020/2021. A expectativa é que o Paraná consiga colher uma safra de 20,3 milhões de toneladas. Em relação às lavouras, 82% delas estão em boas condições, 15% em condições regulares e 3% ruins.
No ano passado, o Brasil exportou 16,9 milhões de toneladas de soja, 1,8% a mais que os montantes vendidos em 2019 e 2018, ambos em torno de 16,6 milhões de toneladas, segundo da dados da Secretaria de Comércio Exterior. Em faturamento, o país obteve US$ 5,9 bilhões com as vendas de farelo de soja, mais que os US$ 5,8 bilhões de 2019. A Indonésia foi o país que mais importou o produto brasileiro, somando 2,248 milhões de toneladas, que custaram a eles US$ 791 milhões. Na sequência aparece a Tailândia com 2,235 milhões de toneladas.
*Por Patrícia Fahlbusch, com informações complementares dos portais Canal Rural e Agência Paraná de Notícias